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Post by jota on Sept 7, 2017 18:10:20 GMT
Não sei bem como começar isto mas, cresci a ouvir tipos que tinham um determinado som associado a eles e o usavam independentemente do estilo que tocavam. Bom ou mau, o som era quase como uma assinatura. Hoje em dia parece que se espalhou a moda do músico de estúdio que tenta sempre adaptar o som naquilo que está a fazer e eu acabo sempre por ser arrastado de certa forma por isso. O facto de tocar há muitos anos em bandas de covers é capaz de ter ajudado nisso, embora não tente igualar o som do que toco ao original porque, além de sentir que não seria capaz, nunca foi algo que me entusiasmou. O que falo é mais numa de, se vou tocar bluesadas, parece que tudo soa melhor no pickup do braço da strat! Parece tudo mais fácil de fazer. O problema é que um gajo dá por si a soar a John Mayer da Buraca e não faltam tipos a fazer isso muito melhor! Depois, de vez em quando, aparece qualquer coisa que nos lembra dum som que a gente realmente gosta e volta aquela ideia do som de assinatura. O meu ideal de som de guitarra é o Mike Campbell mas parece que nunca consigo encaixar esse tipo de som nas coisas que faço! Não que o queira copiar ao ínfimo detalhe mas é o tipo de som que me prende... mas tenho sempre dificuldade em fazer esse som resultar nas minhas mãos! Por exemplo, há dias encontrei um tipo que adorei ouvir e passei algum tempo a tentar inserir no meu som algumas das características do som dele. Uma das coisas que já me dei conta que gosto é um ligeiro ênfase nos médios e esse tipo tem muito no som dele mas, cada vez que me aproximava disso no meu som, voltava atrás porque parecia que não me sentia confortável. Mas senti vontade de tentar trabalhar mais isso e tentar fazer resultar nas coisas que quero fazer, em vez de seguir o caminho mais fácil de usar o som que me é mais confortável mas que no fim não me faz ter grande vontade de ouvir o que toquei... Como é que vocês encaram este tipo de coisas? Vão pelo conforto, o que vos faz sentir mais à vontade, ou atrás do desafio de encaixar aquilo que mais apreciam em algo que não costuma soar daquela forma?
Andava com isto na cabeça e queria partilhar aqui com a malta que pode ter algum interesse em discutir o assunto. A minha Maria, vá-se lá saber porquê, não se mostrou muito interessada...
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Post by pipes on Sept 7, 2017 20:57:32 GMT
Na minha opinião, o som de "assinatura", tem menos a ver com o som em si (fonte) e mais a ver com o músico (fraseado, tiques, etc).
No momento em que comecei a fazer músicas, essas preocupações passaram para 2º plano (ou para décimo plano), daí cada vez perder menos tempo na secção de material...
Há coisas que adoro, tanto em termos de som (som de guitarra, isto é) como de estilo (temas em si), mas que tenho noção que não se adequam ao que faço, quer seja por falta de talento para reproduzir esse estilo, ou por outra razão qualquer!
Não me faz confusão sinceramente.
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Post by jota on Sept 8, 2017 5:51:30 GMT
A questão não é tanto a do material mas aquilo que ele te leva a fazer. Pegar numa strat para tocar algo mais bluesy, invariavelmente me leva a puxar um ligeiro overdrive, saltar para o pickup do braço e andar ali naquela onda do Mayer. Talvez porque cresci como guitarrista (wannabe)a ouvir o gajo, mesmo não sendo um tipo a quem eu inveje o som, acabo por me sentir confortável naquele registo. Só que não é isso que quero para o meu som!
Curioso que falaste em compor e lembrei-me que, as poucas coisas que vou fazendo originais, a strat é a guitarra que mais uso para gravar e não me dá para ir para esse género de som! Também não vou bem para o tipo de som que queria mas, aquele que me parece sempre encaixar melhor no tema, mesmo usando a strat, não é o típico bluesy.
Mas eu sou gajo de covers. Não sinto grande apelo pelos originais.
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Post by maxx on Sept 8, 2017 10:04:34 GMT
É uma questão interessante. Qd voltei a pegar na guitarra novamente, vai fazer 9 anos, tinha um objectivo sonoro - Sacar o som do gilmour. Comprei um muff, um phaser, flanger, 2 drives, 2 delays, ate afinador tinha! Bem, acabava por soar parecido, mas ficava ali. Estava-me a limitar, pq queria aquele som. O tempo foi passando, e fui adaptando o material e ate a forma de tocar ao tipo de musica que pretendia criar. Nao era do fulano tal, nem da banda tal, era o meu som. Assinatura? Pa, durante os ensaios era Eram tempos bonitos, mas perigosos, pq mais um pedal dava mais possibilidades e sabemos onde isto vai acabar. Entretanto, virei-me para os covers, e foi tudo. Entrei na era digital. No caso, era na batata. O som nao era 100%, mas à vontadinha 85%. Portanto, o som era do que tocava, soava ao que tocava, quase que parecia o que queria tocar (merda dos dedos). Aqui é o que diz o amigo Filipe, ta como tocamos e nao com o que tocamos. Nos entretantos voltei ao inicio. Amp a bulbas, e pedalada. Como mantenho os covers, e não versoes, tento chegar perto do que se pretende tocar. As vezes fico muito satisfeito, outras vezes nao. Toco sempre com a mema guitarra. Tem de dar, ajusto o necessario. Acaba por ser o MEU som, para ir de encontro ao que "copio". Nao comprei o pedal x ou y, pq fulano tem ou usa. O mesmo para o resto do material. Sou uma vergonha como guitarrista. Primeiro pq nao toco um chavo. Depois pq nao tenho idolos. Gosto de bandas e do som da banda. Se o q toco, sozinho ou em banda me soar bem, e no que tenho ideia q deva soar, sou um homem feliz.
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Post by stratokosta on Sept 8, 2017 10:19:37 GMT
a minha preocupação principal sempre que toco numa banda é ter um som com que me sinta a vontade , que responda a minha técnica e a ultima coisa que me preocupa é o som de assinatura. mesmo quando toquei covers , era sempre o básico: limpo , overdrive , solo high-gain. depois era várias nuances disso , mais delay , chorus etc. acho que no máximo , quando usava racks , tinha uns 6 presets, além de que ao vivo gosto de usar o mínimo de material possível. em casa já é outra coisa, tenho uns 20 pedais , 5 amps , 3 cabs , Kemper e umas dez guitarras ( ou mais , é melhor nem contar ). embora curta imenso o tone de certos guitarristas ( Van Halen, Gilmour , Hendrix etc. ) nunca perdi muito tempo a copiar. não faz sentido e sai caro
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Post by nunonaos on Sept 8, 2017 10:25:24 GMT
actualmente não toco guitarra em nenhuma banda, mas quando tocava notava que o tipo de som que usava nas bandas não era o mesmo que usava em casa... nessas bandas, muitas vezes as músicas já estavam parcialmente feitas (por alguém que começou a banda por exemplo) e eu tinha basicamente de reproduzir aquilo. obviamente que não tinha que reproduzir um som, mas acaba por ser difícil tocar certos licks (que foram feitos com muita compressão / distorção) com muito menos distorção / compressão, principalmente ao vivo... dar um acorde e deixar a soar soa bastante diferente se tiveres menos ganho, o mesmo se aplica às dinâmicas dos solos por exemplo. resumindo, sempre fui obrigado a tentar ir "copiar" certas características dos sons que já existiam, e poucas vezes pude usar o som que tocava em casa, isto já para não falar nos efeitos... no entanto, sempre me disseram que quando me ouviam notavam logo que era eu a tocar... (isto claro, dito por colegas próximos) quando comecei a compor para uma banda formada por mim, aí sempre tive mais à vontade para usar o som que queria, porque fazia a música que queria e nessa música encaixava o som que eu gostava. provavelmente para quem está de fora pouco mudou, mas ganhei muito mais liberdade para fazer o que queria e acabei por definir melhor o meu som. ou seja, parece-me que por estares a tocar covers, tens obrigatoriamente de ir buscar determinadas características do som da musica original, não ficava bem tocar John Mayer com o som da Feist solução? começa a fazer originais só para terminar, cada vez mais concordo com a afirmação "o tone está nos dedos" (obviamente com os seus "ques") mas o vibrato que se aplica, a forma como se ataca as cordas, os bends, slides, etc etc... tudo isso influencia muito o som de cada um. com os meus colegas de bandas, todos conseguimos identificar quem é que gravou determinada parte de guitarra porque conhecemos bem os "tiques" de cada um, e todos esses "tiques" influenciam o som, dinamica etc.
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Post by stratokosta on Sept 8, 2017 10:42:08 GMT
o pessoal é muito "precioso" com o "tone", mas se analisarmos certos guitarristas , concluímos que nem eles se preocupem em replicar o mesmo "tone" ao vivo.
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Post by maxx on Sept 8, 2017 10:52:27 GMT
o problema acho q é mesmo esse. qd existem referencias, querer igualar e isso nunca vai acontecer. e mesmo que ande la perto, provavelmente so vai soar a tocar algo dentro do que o "artista" toca. e isso é demasiado limitativo. dei o meu exemplo. com o 11R tava quase la nas musicas que tocava. e nem era so para 1 gajo, eram cenas dispares.
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Post by jota on Sept 8, 2017 11:26:55 GMT
nunonaos , a minha ideia dos covers é pegar neles como clássicos e encaixar lá o "meu som" em vez de andar atrás do som original, que é o que faço com mais facilidade pois tens uma referência e seguir por ali é ter a papinha já pronta. Gosto da ideia de ser o gajo a interpretar músicas de outros e não um tipo numa banda que toca músicas de outros quase como se fosse uma banda de tributo. A ideia dos originais é boa e, como disse, até é o que me leva a cortar mais com esse hábito mas tem 2 problemas: não me dão grande pica e, a razão disto tudo, sou muito facilmente influenciável. Muito derivativo. Sempre que componho algo faço-o com algum artista que aprecio em mente e é como se estivesse a escrever para ele! Depois acaba muito longe do objectivo e perco a pica...
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Post by maxx on Sept 8, 2017 11:33:28 GMT
Jota, e o "teu" som não é ir atras do som do fulano tal? Pq gostas e te agrada. Evidentemente que depois encaixar esse som numa interpretaçao da musica pode nao dar o resultado esperado. Não é dizer q possa soar mal, mas, com pouca relaçao ao original.
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Post by nunonaos on Sept 8, 2017 11:41:25 GMT
nunonaos , a minha ideia dos covers é pegar neles como clássicos e encaixar lá o "meu som" em vez de andar atrás do som original, que é o que faço com mais facilidade pois tens uma referência e seguir por ali é ter a papinha já pronta. Gosto da ideia de ser o gajo a interpretar músicas de outros e não um tipo numa banda que toca músicas de outros quase como se fosse uma banda de tributo. A ideia dos originais é boa e, como disse, até é o que me leva a cortar mais com esse hábito mas tem 2 problemas: não me dão grande pica e, a razão disto tudo, sou muito facilmente influenciável. Muito derivativo. Sempre que componho algo faço-o com algum artista que aprecio em mente e é como se estivesse a escrever para ele! Depois acaba muito longe do objectivo e perco a pica... caso o som que queres ter não seja uma coisa muito fora da caixa, acho que não vais ter problemas em fazer isso. agora que quiseres usar sempre um som (por exemplo) limpo, com tremolo e reverb, não dá pra tudo mas é como disse o stratokosta
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Post by alribas on Sept 8, 2017 11:45:32 GMT
Eu gostava de as vezes conseguir "imitar" determinados sons de malta que gosto mas, nao tenho jeitinho nenhum para isso. Fica bem se for para fazer uma cover, fora isso nao me sinto confortavel. Gosto de tocar com sons com os quais me sinta a vontade, que me façam pegar na guitarra e estar ali a inventar durante um bom bocado. Muitas das vezes mais pelo som do que propriamente pela "composiçao", que geralmente sao cenas simples e basicas, so mesmo para entreter o ouvido.
O som dos outros gosto nos outros, se tiver que usa-lo para mim provavelmente perderia a vontade de pegar na guitarra. Tirando claro certos casos como tocar umas malhas doutra malta, ai fica bem copiar ao maximo, mas como disse, nao tenho jeito para a coisa.
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Post by nunonaos on Sept 8, 2017 11:51:06 GMT
Eu gostava de as vezes conseguir "imitar" determinados sons de malta que gosto mas, nao tenho jeitinho nenhum para isso. nao tenho jeito para a coisa. esse também é o meu principal problema ao copiar o tone de alguém tento copiar +/- o "feel" da coisa, ou seja, quantidade de ganho / compressão e graves a peidarem-se ou não depois se tem mais ou menos um bocado de médios ou agudos acho que já não consigo fugir daquilo que EU gosto
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Post by maxx on Sept 8, 2017 12:44:03 GMT
atençao que nao é so pedais. tens amps e guitarras. é todo um conjunto de material que impede de chegar la. o som confortavel que falam faz lembrar a cena de meter uma backingtrack e tocar a pentatonica em cima. sinto-me confortavel pq nao sei mais as vezes o tentar ir atras de um som, ja nao falo do artista, pode obrigar a sair da zona de conforto e aprender algo novo. nao em termos de material, mas de forma de tocar. o tal "ta nos dedos"
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Post by stratokosta on Sept 8, 2017 13:15:04 GMT
atençao que nao é so pedais. tens amps e guitarras. é todo um conjunto de material que impede de chegar la. mais a produção de estúdio ( micros + distancia e angulos, compressão , eq , reverb ) que normalmente o pessoal esquece-se que aquilo que ouvimos numa gravação e o como soava na sala do estúdio era diferente.
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