Tópico da bola

O discurso que já cheira mal

Os portistas sentem, gostam, na sua maioria até aplaudem e vêem no discurso rude e deselegante de Sérgio Conceição o estilo inegável e imprescindível de qualquer tripeiro que se preze.
Dizem que está na génese daqueles que têm o coração ao pé da boca e falam o que lhe vai na alma.

Há muitos anos que o Clube portuense assumiu este modo sui generis de comunicar e ter um treinador a alinhar neste diapasão é atenuar alguma frustração que possa existir no que aos resultados diz respeito e distrair os adeptos para o que realmente importa.

Lembro-me de um caso paradigmático de um treinador que alterou o seu estilo assim que chegou ao FC Porto - Paulo Fonseca - passou do discurso elegante para a rudez comunicativa. Já nem parecia o mesmo, dava a sensação que lhe tinha sido imposto esta forma de estar.
Neste caso não podemos dizer que Sérgio Conceição alterou a sua forma de ser quando chegou ao Dragão, todavia sabe muito bem como conquistar o adepto portista menos exigente.

Digam o que disserem mas este modo que Sérgio Conceição adoptou para estar no futebol está nos antípodas dos valores que regem o desporto.
Desde as declarações com vernáculo à mistura, às várias humilhações públicas quando se recusa cumprimentar um colega de profissão só porque usou uma estratégia de jogo de acordo com as "armas" que dispõe, até ao já conhecido, mas não menos lamentável bate boca com jornalistas quando estes lhe colocam perguntas desconfortáveis completam um ramalhete de atitudes perfeitamente evitáveis.

Parece-me que esta postura em nada dignifica o Clube portista e que por muito que os seus adeptos corroborem com esta comunicação, não o faz melhor treinador só porque berra mais alto, deixa de mão estendida o seu adversário ou pura e simplesmente não reconhece mérito ao seu oponente.

Ontem seria muito mais importante perceber porque é que o FC Porto não conseguiu contrariar a ideia de jogo do Marítimo ou porque é que um jogador como Alex Telles ficou no banco, do que termos conhecimento que o treinador do FC Porto está-se nas tintas - vulgo está-se a "cagar" para o que é dito do seu trabalho dentro e fora do Clube.
Reforço a ideia que o técnico portista goza de um encantamento generalizado da massa adepta portista, exagerado na minha opinião, até porque não será assim tão bom treinador para gozar deste encantamento. Nada me faz pensar o contrário quando em vários momentos decisivos noutras épocas claudicou perdendo a oportunidade de vencer títulos.

Para terminar dizer que o seu discurso ainda é o maior alicerce da sua continuidade no clube portista, resta porém saber até quando os portistas olharão mais para o discurso no qual se revêem do que para as conquistas que também se habituaram a alcançar, pois quando a mim esta forma miserável de lidar com o insucesso não é mais que um exemplo negativo a não seguir pelos mais novos e enquadra-se naquilo que eu considero desprezível e dispensável para o futebol português.